Se você quer as paisagens mais selvagens do Kilimanjaro e um desafio de verdade — e não se importa com lama ou dedos gelados — a Rota Machame é inesquecível. Você vai andar pela névoa da floresta, escalar paredes antigas, ver o nascer do sol no pico mais alto da África e rir (e talvez sofrer um pouco) com outros aventureiros pelo caminho.
Começamos cedo em Arusha, ainda meio sonolentos enquanto a van cruzava as ruas cobertas de neblina. No vilarejo de Machame, peguei uma última garrafa gelada de água Kilimanjaro numa lojinha minúscula — parecia um amuleto da sorte. A caminhada até o portão de Machame foi lenta e cheia de lama; minhas botas já estavam cobertas de terra vermelha antes mesmo da subida começar de verdade. Dentro da floresta tropical, o cheiro era úmido e cheio de vida. Nosso guia, Joseph, apontava os macacos colobus lá no alto enquanto desviávamos das raízes entrelaçadas. No fim da tarde, chegamos ao acampamento — cansados, mas animados — e vimos os carregadores fervendo água em pequenos fogareiros enquanto as nuvens baixas se aproximavam.
O segundo dia foi diferente — menos mata, mais céu aberto. Subimos acima da linha das árvores, entrando no campo de arbustos onde o ar ficou mais rarefeito e cada respiração parecia mais fria. O almoço foi uma parada rápida numa pedra plana; lembro que minhas mãos tremiam um pouco de frio. O Planalto Shira se abriu de repente — uma imensidão de vistas e vento cortante que atravessava todas as camadas de roupa. Naquela noite no acampamento Shira, eu via meu próprio hálito dentro da barraca e dormi com todas as roupas que tinha.
O terceiro dia foi quando tudo ficou sério. A Torre de Lava surgiu à frente como algo de outro planeta — rochosa, deserta, quase silenciosa, só o som das botas no cascalho. Alguns começaram a sentir os efeitos: dor de cabeça, irritação, aquela sensação estranha de altitude atrás dos olhos. Depois do almoço perto da Torre de Lava (a sopa estava salgada, mas reconfortante), descemos até o acampamento Barranco, justo quando o sol se punha atrás do Breach Wall — uma parede dourada iluminando o vale que fez todo mundo parar para fotos.
Na manhã seguinte, o desafio era a Barranco Wall. Parecia assustadora, mas foi mais divertida do que difícil — muita escalada com mãos e pés, e em um momento ouvi alguém cantando músicas pop em suaíli atrás de mim. No topo: nuvens abaixo e o Glaciar Heim brilhando ao lado. O caminho subia e descia pelo Vale Karanga; a essa altura, já tinha parado de olhar no relógio porque o tempo parecia diferente lá em cima.
Deixar o acampamento Karanga rumo à Cabana Barafu foi curto, mas puxado — o terreno virou pedregoso e aberto, com vento cortando em cada curva. Nosso guia lembrou que ali era a última parada para água dos carregadores; depois era só gelo e pedra até o dia do cume. O jantar veio cedo (arroz com feijão nunca teve um gosto tão bom), e Joseph nos deu um papo motivacional para a noite do cume: roupas em camadas, lanternas checadas duas vezes, tentar dormir até às 19h mesmo se estiver muito agitado para fechar os olhos.
A noite do cume começou antes da meia-noite com chá e biscoitos secos — mal consegui provar. Saímos em fila indiana sob um céu estrelado tão brilhante que quase doía olhar para cima. A subida até o Stella Point foi brutal: cascalho escorregadio, frio cortante nas luvas, todo mundo andando devagar e em silêncio, só com a respiração pesada. O nascer do sol em Stella Point é algo que nunca vou esquecer — toda a borda da cratera iluminada de rosa enquanto o Pico Uhuru esperava logo à frente. O último trecho foi em câmera lenta, mas valeu cada passo; estar a 5.895 metros parecia surreal (e congelante). Não fiquei muito tempo — o vento cortava tudo — mas consegui tirar uma foto com os dedos dormentes antes de começar a descida.
O último dia trouxe alívio: a altitude menor facilitava a respiração enquanto descíamos pela floresta até o portão Mweka. Nossa equipe nos surpreendeu com cantorias e dança no café da manhã — uma alegria verdadeira depois de dias de esforço juntos. Sair pelo portão Mweka foi como cruzar a linha de chegada; guardei meu certificado dourado no bolso da jaqueta como um tesouro. De volta a Arusha naquela noite, nada parecia melhor do que um banho quente e trocar histórias com refrigerantes gelados no bar do hotel.
A Rota Machame é considerada desafiadora por ter trechos íngremes e ganho de altitude diário. Ter experiência prévia em trilhas ajuda bastante.
Você vai receber porções generosas de refeições frescas todos os dias — pratos com arroz, legumes, ovos, sopas — e bastante água purificada durante toda a subida.
Sim! Guias locais experientes acompanham cada grupo com segurança pela Rota Machame do Kilimanjaro — eles conhecem cada curva da trilha.
Vai precisar de botas adequadas, roupas quentes (a noite é muito fria), capa de chuva para os trechos baixos e um bom saco de dormir para os acampamentos mais altos.
Seu trekking inclui todas as taxas do parque, resgate, guias experientes, carregadores bem tratados (eles são verdadeiros heróis!), refeições frescas e nutritivas diárias (mesmo em altitude), barracas limpas com mesas e cadeiras para as refeições, água purificada sempre disponível — e barracas de qualidade preparadas para o clima da montanha.
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